terça-feira, 1 de novembro de 2011

ABAIXO OS CEMITÉRIOS E A IDEIA DE QUE NELES MORA ALGUÉM!


Eu até respeito as ideias de cada um. Porque é que não respeitam as minhas?!...
Quando é assim, apetece-me desatinar! E porque é que não o hei de fazer?! Faço!


É muito simples: cada um de nós mora num corpo que passou a ter à nascença e deixará de possuir quando morrer. Corpo esse que nem é sempre igual, durante a vida, como é óbvio. É uma espécie de embalagem, para o nosso ser poder ser acolhido pelos outros seres, que, de outro modo, teriam de se relacionar a um outro nível, que não o físico. 


A nossa existência material é limitada no tempo, mas, dá-me para acreditar, temos outra, ilimitada, intemporal, universal... E, a ser assim, quando o nosso corpo se torna inerte, é porque nós já abalámos para a existência eterna, desprovida de necessidade de espaço para ocupar.


Como tal, deixar o corpo de um ente que amámos num cemitério e passar a visitá-lo ali mesmo, como se ele tivesse mudado para aquele aposento e lá o pudéssemos encontrar, sempre que nos apetecer relembrar com ele os momentos bons que vivemos juntos, é querer mascarar a realidade, é não aceitar a nossa condição e, quiçá, talvez seja nem deixar tal alma ir-se em sossego, para onde quiser.


Nos cemitérios não há ninguém, para além de coveiros e outros encarregados pela logística da morte. Os cemitérios são recintos inventados por quem sente que ter uma assoalhada na terra, depois de morto, é garantir um pouco mais de existência terrena, para si ou para os seus...


Livrem-se de abandonarem o meu corpo e o meu nome num cemitério e, desse modo, não me concederem a liberdade que tanto almejo! 


Quero o meu nome a figurar em lugares que signifiquem vida, ou em lugar nenhum! Quero o meu corpo consumido pelo fogo, belo e purificador. Quero partir de vez, para onde eu quiser. Quero, de uma vez por todas e, finalmente, estar onde ninguém saiba que eu estou. Quero que ninguém leve flores para um pedaço de terra, ou coisa que o valha, até porque eu não recebo muitas flores em vida...


A vida é o nosso tempo finito, corpóreo, terreno e limitado. A morte é o nosso tempo eterno, etéreo e de liberdade.


Acabem-se os cemitérios! Respeite-se a liberdade dos mortos!

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